"O mundo gira, a vida muda, a fila anda..." Deise Batista

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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Peles Vermelhas



Praia? Só se tiver ar-condicionado!
Um sol de derreter asfalto
Praia, no Rio, é sinônimo de horror.
Meu amarelo escritório, tom de pele escolhido
Deve durar até a morte.
Difícil entender o povo que lota carros
Pega trânsito
Briga por vaga pra estacionar
Perde a paciência e estaciona mesmo em local proibido
Pra depois ter que ir aos depósitos pagar multas altíssimas
E recuperar seus carros guinchados pela prefeitura.
É um prazer meio esquisito
Disputar palmos de areia pra enfiar um guarda sol
Ver milhares de corpos seminus, lambuzados de óleo
Areia grudada e suor.
Tudo isso misturado aos ambulantes de mate, biscoito, sanduba natural e pulseiras hippie.
Tem sempre um miserável que sacode a toalha, distribuindo areia
Nos olhos dos distraídos
Ou dois, jogando o infeliz frescobol
Que sempre acerta a doída bola na pele ardida de alguém.
Mas o melhor das praias no verão do Rio
São as águas vivas
E os milhares de daltônicos
Que nunca entendem o significado das bandeiras vermelhas.
Depois de torrados e moídos
O lugar apertado no carro já não é tão divertido
A pele ardida não suporta mais calor
Irradiando uma vermelhidão marcianamente absurda.
A dez por hora, segue o cortejo dos pele-vermelha
Engordando a fila dos tantos outros irritados que
Com a desculpa de aliviar o calor
Ignoram solenemente a lei seca
Comprando cerveja nos ambulantes, com seus isopores sempre de plantão.