"O mundo gira, a vida muda, a fila anda..." Deise Batista

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cheiro de Madrugada


Era sombra.

O canto dos pássaros

nas árvores
Parecia Presságio
Algo invisível
Prestes a saltar sobre nossas gargantas.
Era sábado
Um dia estranho
Dia de carros lavados nas calçadas
Pessoas cansadas à espera da noite
Apostando seus dados
Em momentos.
Era noite
Úmida, carcomida por odores misturados
Corrompida por incautos mal intencionados
Lotada de ruídos, lágrimas e gargalhadas.
Era madrugada
Um cheiro que só madrugada tem
Ruas quase sem ninguém
O arrependimento pousando por dentro
Com suas asas de couro
E o horizonte cor-de-ouro...
O domingo

Jogando fora o ontem

Rasgando a noite como um papel molhado.
Molhado como o chão da madrugada
Que, insistentemente, quer ser minha.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Impenetrável



Veja aqui
Olhe dentro
Explore
Pode exagerar.
Não sou de vidro
E se quiser me ver
Vai ter que se esforçar.
Pode ser que eu deixe
Até queira me mostrar
Mas, pode ser que não
E se eu virar porão
Nem adianta tentar.

domingo, 19 de setembro de 2010

Dias Contínuos



Assim nascem os dias
Madrugada rompida
Claridade sonolenta abrindo os olhos.
Um sol espreguiçante cobrindo o céu de luz vagarosa
E os homens indo pro trabalho.
Um sol esmorecido fecha os olhos
O brilho de uma prateada senhora
Faz acenderem milhares de luzes
Um cheiro de flores da noite inaugurada
E os homens voltando pra casa
Assim os dias morrem
E toma conta da rua a madrugada.

domingo, 12 de setembro de 2010

Quintal





Anda, poesia, canta!
Deixa-me mostrar o alento que é ter por dentro
Um rio de palavras levando-me a alma
Ao papel e à tinta que já são meu par.

O riso é tímido, olhar longínquo
Mas é paz a máquina que faz voar.
Ah! O pensamento! Não mais indomável
Leva minhas mãos ao inominável ato de criar.

Brisa quente agora
Quase oito horas
Já quase fechando a pauta, o lápis e o penal

E na mente clara
Agradeço o dom que Deus me deu de graça
De juntar as letras dentro do quintal!
































quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Todos os dias!



Amo o Deus que me deu liberdade
O Único, Real e Eterno!
Um dia, abri o coração por dentro e O convidei pra conduzir meu caminho
Pensei que nunca mais teria nenhum problema
Mas, descobri que os problemas acontecem todos os dias
E que a grande diferença é a forma como Deus me sustenta em cada um deles.
Foi minha única chance, e encerrei o dia com Deus redimindo meus pecados e me dando asas.
Parei de procurar a solução de meus problemas nas pessoas e descobri no meu Senhor
Meu melhor Amigo!
Não O vejo, pelo menos enquanto habitar esta terra
Mas sinto tanto o colo dEle, Seus afagos de Pai sobre minha cabeça
E o tanto de amor que sente por mim.
Talvez eu estivesse cheia de carregar fardos que minhas costas não mais suportavam
E hoje estou aqui, como criança a andar nas mãos do Pai.
Em volta de mim, anjos...todos os dias!
E uma luz que aquece meu coração, mesmo quanto parece que nada pode alegrar-me.
Vejo as diferenças da mulher que caminhava sobre seus próprios desejos
E da mulher que me tornei, quando rendi minha vontade a Ele.
Ele me põe na direção certa, orienta minha mente, dirige meus passos, cuida de mim
E sempre está comigo.
Não preciso mais procurar
Ele está aqui
Todos os dias, em todo o tempo, até mesmo enquanto durmo.
Ele é minha única e mais honesta verdade
Acabaram-se as incertezas...Ele caminha a meu lado!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Solta


Soltei as mãos
Braços abertos
Descobri que respiro
Melhor e profundamente!
Subi a correnteza
Das tuas águas que me forçavam rio a baixo
E, agora, posso ver que
O que pensava ser poço é mar!
Como é bom tirar as vendas
Ver com os próprios olhos.
Limpar meu coração da tua presença
E aliviar a bagagem
Que já me doía os ossos!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Inimigo na Noite


Calor insuportável
Duas horas da manhã e Vila Isabel em chamas – o verão...
Sem ar-condicionado, a espera por uma brisa noturna é inútil
Vou para o chão da sala
Abro a vidraça da varanda e ligo o ventilador.
A camisola ensopada inicia sinais de um leve frescor
Ah! Agora sim, acho que vou dormir...
Ajeito o travesseiro
Mexo e remexo meu corpo exausto
Encontro uma gostosa posição para tentar adormecer.
Minutos de um silêncio que só Vila Isabel tem
Silêncio com fundo musical
Em alguma esquina distante um chorinho
Um grupo de boêmios que rompe o calor da madrugada cantando.
Som doce, quase de embalar o sono.
De repente, algo diferente
Um som que me arrepia os pelos
O miado de minha gata não deixa dúvidas: acabou-se a possibilidade de dormir
Todo o meu ser enrijece
Lanço a mão no interruptor e acendo as luzes
Olhando em volta com terror intenso
O coração aos pulos falta sair pela boca
Nem mesmo os boêmios me consolam
Sem nada nas mãos para defender-me
Tento sair do lugar onde, temporariamente estou petrificada
Olho para a gata, que entre as patas, parece segurar alguma coisa
Num misto de pânico e horror, avanço sobre minha salvadora
Lanço-lhe o chinelo com toda força entre as patas
Pegando em cheio a desgraçada da barata
Que por um medo quase insano
E para não haver engano
Prendo debaixo do chinelo
E de uma pilha de pesados dicionários e listas telefônicas.

Limo


Não precisa perguntar
O sorriso é de verdade
O silêncio, brilhante!
Intraduzível o que há por dentro.
Tenho de volta a música, na altura que quiser
E é de estourar os tímpanos!
Casa limpa
Tudo é festa!
Janelas abertas e o limo nas paredes
Sumiu com as malas.
Nada mais me perturba
A não ser a cor das meias
Que preciso combinar.
No mais...é tudo bobagem!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Inexorável



O coração acelerado diminui o ritmo, aos poucos revelando o gosto amargo
Por dentro, a alma, por sofrer calada, dói.
Estranho viver sem rumo ou futuro
Aprendi tão cedo a traçar planos...
Olho-me no espelho e vejo os sinais que não me deixam o engano
Os anos passam!
Mas é estranho o que sinto; engatinho como criança, 
tentando aprender a andar
E o sentimento é tão solitário
Garganta com nó, quase o tempo todo.
Roeram as cordas de tudo em que acreditava
Como é ruim confiar em pessoas!
Pra todos os lados que olho sobra espaço
Nunca tive tanto espaço pra esbarrar em minhas paredes
Sempre mantive meu mundo cheio.
Não sei às vezes conviver com a estranha vontade de explodir
Gritar, chorar, dizer coisas sem nexo
Reflexo do tanto que ainda tenho que aprender.
Não sei mais nada sozinha
A faca que cortou a linha foi minha mão quem pegou.
Estranho um mundo onde dizem que te amam e enganam
Estranho uma solidariedade fraterna, dissolvendo, indo
Só eu não tenho o direto de ir e fico
Olhando em volta as circunstâncias
Sem saber como lidar com elas.
Mas há algo mais sábio que aprendi 
Quando o nó sufoca e não desce
Recorro às lágrimas que Deus me ensinou a derramar
E depois de um tempo em Seus braços
Cercada de um amor inexorável
Renovo as forças
Esboço sorriso
E sei que nunca, mesmo que eu queira, vou estar sozinha!

Cinderela à Salvo


Tua carruagem a me levar à lua
Nosso amor escandaloso ali na rua
Derramado, escancaradamente nu.
Eu, na janela,
Feito Cinderela
Sorriso de cristal, olhos de baile,
Salva dos feitiços, acompanho a aurora.
Agora, 5 horas.
Venço a meia-noite
Cinderela sem madrasta
Sandálias de borracha.